Estamos nós por nós mesmos na sustentação daquilo que nos é caro. No passo, sufocado, dos nossos desejos e vislumbres. É difícil sustentar o peso da leveza de sonhar. Quantos devaneios temos e os amarguramos na expectativa de um raio de sol em um dia nublado? Na jornada, nessa roda da fortuna que é a vida, toda tentativa que fica estagnada em apenas “sonhar”, morre. Não é justo conosco, nem um pouco. Dói e nos dilacera toda vez que temos um projeto natimorto por falta de nossa própria ação.
Por isso, é preciso movimento. É preciso jogar os dados e fazer lances para se abrir a possibilidades, a novos mundos antes restritos. É preciso que sejamos imperadores de nossos desejos e vontades, arquitetando possibilidades. Nada é exatamente como queremos, porém, se não colocarmos a roda para girar, tudo se fecha em nebulosidades. E, com isso, nos nublamos também. A vida é muito curta para sermos seres nublados.
É preciso se dar a oportunidade, diária, de sempre ser ruim em algo novo. De experimentar a amargura da tentativa de não se conseguir algo com a proeza necessária, que só surge com a lapidação do tempo. Quantos desejos deixamos de lado, mesmo que bobos, pelo medo de nos encararem como ridículos? Quantos aprendizados evitamos com o receio de sermos taxados de insuficientes? Dói olhar para trás e ver o tempo perdido por não termos tentado ao menos.
Toda vez que justificamos algo, com medo de errarmos, morremos. Toda vez que colocamos empecilhos, antes mesmo de tentar, nos perdemos. Aos poucos, isso nos anestesia. Nos faz aceitar o tanto faz e, quando isso acontece, qualquer coisa serve. Serve mesmo? Ou nos acostumamos a doer, quando na verdade deveríamos entender que o sofrimento não é uma virtude. É um sinal de que algo tem que ser mudado. Por quem? Por nós mesmos.
Juliano Schiavo é professor e escritor. E autor do livro O Menino que Semeava Histórias. Contato: jssjuliano@yahoo.com.br Insta: @juliano.schiavo Americana/SP
Comentários
Postar um comentário