Daquilo que confunde, distância. Daquilo que nos
direciona, proximidade. Se por algum motivo estiver diante de um horizonte que
traz névoas, é melhor seguir por outro caminho: na confusão, reside o perigo; a
possibilidade de se chocar com agruras desnecessárias. E seguir em frente em
ambientes hostis é uma escolha. Mesmo sabendo que certos caminhos não são para
nós, muitas vezes queremos seguir pela teimosia de tentar mudar o que não se
pode mudar.
Empregos que nos sufocam; amizades que já não nos
cabem mais; locais que não nos sentimos pertencer; relações que só sugam;
projetos que já não nos emocionam: em cada um desses pontos há uma neblina e,
por medo de mudarmos de direção, seguimos enfrentando uma corrente caudalosa.
No final, perdemos a força. Sem forças, nos afundamos em nossas próprias
escolhas baseadas na insistência do que não nos cabe, mas queremos forçar para
que continue da forma como idealizamos. Sonhar é preciso para seguir em frente;
se perder em ilusões jamais deve ser uma meta.
Somos mágicos: nossa força é imensa, pois temos o
poder de escolha para seguirmos por outras rotas. Mudar é sempre necessário,
por nós. Não há pessoa alguma que consiga nos ajudar a sair de um problema se
não houver a nossa vontade. Podem nos oferecer a mão, nos apoiar, dar conselhos;
mas se não quisermos realmente sair do redemoinho de nossas próprias escolhas e
seguirmos adiante, não há mágica que consiga resolver.
É importante se lembrar que somos vítimas de nossas
próprias decisões. Querer culpar outros por insistirmos em erros é como querer
tomar a água do mar para matar a sede. Mudar dói, por ser um processo de
ruptura. Mas insistir no que não nos cabe nos tira possibilidades de vermos novos
horizontes. A iniciativa de mudar está apenas em nós mesmos.
Juliano
Schiavo é escritor, jornalista e professor. É autor dos livros Tapa na Cara e O
Menino que Semeava Histórias. jssjuliano@yahoo.com.br.
Americana/SP
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