A humanidade está sempre em crise. Talvez seja do
âmago da espécie humana, inerente ao que somos. Seres em crise, caminhando em
direção a um precipício sem fim. Conscientes dos nossos passos, mas estabilizados
em nossas ações, navegando em círculos. Culpando os outros e esquecendo que, em
nossas mãos, carregamos tantas violações de forma indireta, pois somos
coniventes, inclusive, quando nos abstemos de tomar uma atitude.
O mundo vai mal. E sim, tende a piorar. Acho que
perdi a esperança que sempre me norteou. É da espécie humana trazer o caos, a
tristeza, a dor. É da nossa essência transformar o paraíso em trevas, maculando
tudo para atender aos nossos desejos. Somos culpados sim, pelo o que o mundo
atravessa. Somos culpados por sabermos o que tem acontecido e não tomarmos
partido. Temos culpa por deixar como legado às gerações futuras a nossa incompetência
de sabermos o que é errado e não fazermos nada.
As áreas de preservação ambiental estão cada vez mais reduzidas às mínguas, exauridas pelo “progresso”, pela mentalidade doentia
daqueles que administram o país e encaram a natureza como um câncer. Nosso
patrimônio ambiental, reduzindo-se em cinzas. Nosso futuro, cada vez mais
nebuloso, tal qual a nuvem tóxica que paira em pleno dia e sufoca a luz.
Somos falhos e não queremos reconhecer. Somos
frágeis, mas nos recobrimos com uma máscara que não deveria estar ali. Somos
falíveis, mas erguemos a cabeça, com um orgulho besta, e seguimos em frente. E,
o pior, estamos muitas vezes errados e não nos permitimos a olhar no espelho e
dizer: “errei, preciso melhorar” e, por fim, realmente melhorar e não ficar
apenas no discurso vazio.
Estamos num momento crítico, por nossa escolha, por
nossa conivência, por culparmos sempre a crise. Vamos sofrer sim, e espero
ansioso por isso – não porque torço pelo pior, mas é que acreditar no melhor do
ser humano se tornou uma utopia. Torço
pelo pior, pois é só quando não houver mais água, mais ar puro, mais qualidade
de vida, que realmente vamos tomar uma atitude. É preciso sentir na pele para
se mudar algo. A dor ensina, tomara que não seja tarde demais.
Juliano Schiavo é jornalista, escritor e professor
julianoschiavo.blogspot.com
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