Quem já plantou uma semente sabe que
ela precisa de certas condições. É preciso plantá-la na terra apropriada,
regá-la e permitir que ela pegue luz. São coisas que parecem simples, mas são
essenciais para ela poder sair da dormência e iniciar seu crescimento.
Algumas sementes, mesmo em meio a
situações adversas, conseguem germinar e seguem seu fluxo. Não é fácil, mas
elas têm algo que as move, uma força descomunal para lutar. Porém, há sementes
que, mesmo com todas as condições, ficam emudecidas.
Na vida, somos sementes. Estamos diante
de dilemas: brotar ou silenciar? Crescer ou mirrar? Persistir ou se entregar? A
questão que surge é que, não importam se todas as condições estão ali: se não
queremos romper a casca que nos envolve, não saímos da dormência. A força deve
vir de dentro pra fora, mesmo que, muitas vezes, o ambiente não esteja propício
– mas é preciso insistir e persistir, caso se deseje algo.
Também não adianta forçar germinações.
Se as sementes não se permitem brotar, não são as forças externas que poderão
fazer com que ela rompa a casca e siga seu caminho. Você pode oferecer toda a
água, a melhor terra e toda a luz que ela necessita, mas se ela não quer, não é
você quem fará ela brotar.
Pessoas são sementes: se querem
persistir enterradas em seus problemas, sem tentar rompê-los para sair da
situação, não há quem possa ajudar. Se você oferece caminhos, ela traz entraves.
Se você estende a mão, ela não a segura.
Não adiantar gastar energia com quem
não se permite tentar romper a casca, que sempre acha um problema para uma
solução e que não se permite, ao menos, tentar. Cabe somente a ela entender que
é preciso a mudança vir de dentro e não há ninguém que possa romper a casca
dela. E aí, como temos lidado com as sementes alheias e com nossas
próprias cascas?
Juliano
Schiavo é escritor, jornalista e professor
jssjuliano@yahoo.com.br
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