Na
mitologia grega, Sísifo era considerado o mais astuto dos seres humanos,
colocando os deuses gregos em situações embaraçosas. Pelas suas ações, Sisífo
foi condenado, por toda a eternidade, a rolar uma grande pedra até o cume de
uma montanha. Toda vez que Sísifo alcançava o topo, a pedra rolava montanha
abaixo. E ele deveria retomar o trabalho eternamente.
Se
pararmos para pensar, muitas vezes, podemos nos comparar a Sísifo. Em certas
situações estamos presos a uma condenação – mentalmente – eterna, ou seja,
ficamos presos às culpas que carregamos, muitas das quais nós mesmos nos
colocamos sem perceber.
Quantas
vezes nos culpamos por situações que não estão em nosso controle? Nos apedrejamos,
diariamente, por não atender expectativas alheias, que não nos fazem felizes,
mas que queremos atender para agradar ao outro, ou fingir uma falsa felicidade? Qual o peso temos carregado?
Qual culpa nos corrói?
Quando
reflito sobre essas perguntas, penso na situação de Sísifo: qual pedra estamos
rolando montanha acima e, por uma força invisível, quando quase estamos chegando
ao cume, essa pedra retorna novamente ao início de tudo para que a empurremos
montanha acima? No final, a culpa que não nos cabe, que acreditamos ser nossa,
é nossa grande pedra.
Cada
pessoa é única e nenhuma dor pode ser medida por qualquer régua. Cada um sabe a
intensidade da dor e o quanto certas culpas as afetam. Por isso, nada melhor do
que reservarmos momentos para refletir sobre a vida, sobre os passos dados e
sobre as culpas que, tal como pedras, carregamos sem ter realmente necessidade.
Será
que certas culpas são realmente nossas, ou as absorvemos com aquela necessidade
de sofrermos para exorcizá-las – mesmo não exorcizando-as? Vale a reflexão.
Juliano Schiavo é
jornalista, escritor, mestre em Agricultura e Ambiente e professor de ciências
e biologia. É autor do livro Aprendendo com a Depressão.
Contato: jssjuliano@yahoo.com.br
Americana-SP
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