Como deixar de se importar?



Aquilo que não damos importância, não nos toca. Não é preciso frisar isso: sabemos que, quando não temos conexão com algo, pouco importa o rumo que as situações tomam. Afinal, aquilo não nos dá a sensação de pertencimento. Porém, aquilo que nos é importante, por sua vez, nos faz sentir parte. Nos envolve. Faz-nos pensar o tempo todo a respeito e nos aprisiona naquele círculo  vicioso, por que não?

Partindo-se desse princípio, de sermos parte daquilo que nos toca, será que realmente temos nos permitido sermos tocados pelo que realmente vale a pena?  Ou estamos vivendo cercados de ilusões, as quais nos agarramos e tentamos segurar, mas são tão fugazes que só existem pois nós permitimos que elas continuem a existir?

Quantas velhas concepções nós continuamos agarrados com medo de buscar ver além? Quantos primeiros passos não damos, com medo de perdemos o “caminho” já conhecido – e, por isso, cômodo? Quantas relações acreditamos que nos são importantes, mas na verdade insistimos em manter contato pelo comodismo – mesmo sabendo, muitas vezes, que estamos despendendo tempo e energia por alguém que sequer se preocupa em perguntar como estamos?

Como deixar de se importar com aquilo que nos machuca, mas insistimos, com medo de perder? Será que estamos acostumados a sentir a dor e, por isso, com medo de sentir o vazio ao rompê-la, continuamos a fazer nós em laços já desfeitos há muito tempo? São perguntas que podemos nos fazer. Afinal, deixar de se importar com o que julgamos importante, mas sabemos não ser, requer uma boa dose de auto enfrentamento. Estamos preparados?

Juliano Schiavo é jornalista, escritor, biólogo e mestre em Agricultura e Ambiente



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