Numa sociedade que preza
pelas pessoas indestrutíveis e que necessitam estar de prontidão para agradar e
abraçar o mundo, uma das palavras mais difíceis de se dizer é o NÃO. Confesso que
é que um aprendizado diário usar essa palavra com maestria, pois dá-se a
impressão que fomos forjados para sempre dizer sim. Afinal, agradar o outro é
importante: nunca sabemos o dia de amanhã. E ao dizer um sonoro NÃO, muitas
vezes, nos sentimos culpados.
Culpados por pensar que
temos que agradar a todos, a todo custo, mesmo que isso nos custe o bem mais valioso:
nosso bem-estar. Quantas e quantas vezes dizemos sim, mesmo sabendo que, em
nosso âmago, a vontade é dizer um sonoro NÃO?
Queremos passar a imagem de
que conseguimos dar conta do mundo, das obrigações. Abraçamos pedidos, como
quem está num deserto com sede e se vê diante de um copo, sem se importar se, nele,
há apenas água pura, ou se ela está salobra. Bebemos e, muitas vezes, nosso
organismo adoece. A sede em agradar foi maior do que a necessidade de preservar
nossa integridade física e mental.
É muito difícil aprender a
dizer NÃO. É uma sensação dolorosa, muitas vezes, aprender a se colocar em
primeiro lugar. Afinal, não queremos arranhar amizades, parcerias e relações. E
dizer um NÃO pode ser mal interpretado por quem o recebe. Mas é certo nos
sacrificarmos?
Quando não há possibilidades
e não há caminhos. Quando não se sente parte de algo e quando não se quer mais
insistir em alguma situação que não faz bem: dizer a palavra NÃO é fundamental.
É essencial para o bem-estar físico e mental, pois a mente somatiza doenças.
Portanto, aprender a dizer a palavra NÃO é um aprendizado diário e necessário. Representa,
acima de tudo, aprender nossas próprias limitações e vontades. Vale a pena
dizer NÃO.
Juliano
Schiavo é jornalista, escritor, biólogo e Mestre em Agricultura e Ambiente
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