O Brasil que eu quero




“Olá, meu nome é Gabriela eu sou de Guarapuava, Paraná. E estou falando da praia de Itapoá, Santa Catarina. O Brasil que eu quero melhor é o mar sem sal. Eu quero pedir aos governantes que tirem o sal do mar. No resto tá tudo ótimo, obrigada”. Essa frase, proferida pela tal Gabriela, se tornou meme. Por meme se compreende um fenômeno em que uma informação se espalha rapidamente, ganhando popularidade. 

Quando me peguei vendo o vídeo, confesso que ri muito. E ele ficou em minha cabeça, ecoando. Não pelas risadas, mas por refletir sobre a ironia de Gabriela. É mais fácil tirar todo o sal do mar – que convenhamos, para mim também seria melhor, pois não gosto do sal – do que simplesmente ter um País em que a lei não tenha dois pesos e duas medidas. É mais fácil transformar toda a água marítima em doce, do que frear essa onda de ódio e intolerância que vem varrendo nosso País.

Ao pensar a respeito do pedido de Gabriela, eu compreendo a ironia. As facilidades nos métodos da dessalinização são inúmeras. Porém parece não haver possibilidades de extinguir a corrupção, o racismo, o preconceito. Parece não haver caminho para colocar mulheres e homens no mesmo patamar de direitos. Parece que este País se transforma, a cada dia, num local mais intolerante, em que só se respeita quem se pensa igual ou sustenta o mesmo cabresto. 

E embora seja mais fácil transformar a água salgada em doce, frente a todos os problemas por termos uma sociedade doente, ainda acredito que pequenas ações podem fazer a diferença. Quando você quer mudar a realidade para melhor, é muito simples: basta respeitar o outro; tolerar as diferenças; cobrar os direitos e cumprir os deveres. E acima de tudo, ter empatia. Já pensou que legal seria se todos se colocassem no lugar do outro antes de tomar algumas atitudes? 

Juliano Schiavo é jornalista, escritor e biólogo.
www.julianoschiavo.wix.com/livros
Americana - SP



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