Se as vírgulas podem mudar o
sentido de uma frase, imagine então o poder das palavras. E por mais que estas
não sejam feitas de matéria física, elas têm uma força e tanto. Podem nos
alegrar, entristecer, enraivecer, nos convencer. Elas dão formas ao nosso modo
de pensar e ajudam a traduzir nossas ideias e visões. Palavras ao vento podem
se transformar em tufões ou em brisas. Depende apenas da forma que são
proferidas.
Nesses encontros e desencontros
que é a vida, é comum esbarrarmos com as mais diferentes pessoas. E confesso:
admiro aquelas que sabem usar as palavras de uma forma que dizem tudo o que querem,
da forma mais honesta possível, sem ofender. Sem medo, dizem o que pensam, mesmo
que seja oposto ao que pensamos. Mas dá gostou ouvir, pois elas sabem falar, de
forma a não te ofender por pensar diferente. Pessoas assim, admiro. Elas se
posicionam e não ficam em muros.
Confesso também que tenho certo
pé atrás com aqueles que querem se passar por autênticos e, para tanto, usam as
palavras da forma que bem entendem. Não se preocupam com o teor da mensagem.
Apenas querem se posicionar, mostrar que “não tem medo de dizer o que pensam”. Eu
vejo de outra forma: elas simplesmente são grossas. E o pior: parecem sentir
orgulho de serem pessoas sem um pingo de educação e sentem prazer em “humilhar”
o ouvinte.
Ser autêntico não significa ser
grosseiro. Existem as mais diferentes formas de se falar algo, sem machucar o
outro com palavras. Autenticidade não é sinônimo de grosseria. Mas grosseria é
sinônimo de burrice: de não entender que a forma como se fala pode magoar, desnecessariamente.
Quem vive com pedras na mão é quem não sabe se amar e se aceitar. Pode dizer
que se ama, mas é da boca para fora. Quem se ama verdadeiramente, não precisa
humilhar os outros para se sentir bem.
Juliano Schiavo é jornalista, escritor e biólogo
Americana – SP.
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