Nestes tempos conturbados, que são de um fluxo que parece não cessar, fico
me perguntando como se desdobrarão os caminhos. Vivemos uma crise que
extrapola a financeira: é moral e parece estar enraizada, de tal forma, como uma
erva daninha que cortamos as folhas, mas ela mantém os tubérculos esperando as condições
para brotar. Até quando permitiremos
isso?
Li há algum tempo li um manifesto chamado Indignai-vos, escrito pelo
alemão Stéphane Hessel. Neste texto, ele conclamava todos a se indignarem contra
uma série de acontecimentos que afetavam as liberdades individuais e a democracia.
Para Hessel, na indignação reside a luta ou a resistência contra sistemas
opressores.
Mais do que se indignar, acho que não podemos simplesmente deixar de movimentar
o universo. Passo após passo, devemos fazer o nosso melhor para tentar
modificar pequenas ações que, amplificadas, tornam nosso País reduto de ódio,
corrupção e falta de perspectiva. E como podemos fazer mudanças? Talvez elas
estejam em nossas mãos, esperando apenas uma corrente do bem se iniciar.
E quando falo nessa corrente, me refiro a ter mais respeito com a vida
alheia. É preciso entender que nem todos tiveram a mesma oportunidade e, felizmente,
são diferentes na forma de pensar. Para muitos de nós, falta uma dose cavalar
de empatia, falta se colocar no lugar do outro. Falta estender as mãos em
pequenas atitudes: não jogar lixo no chão, não estacionar em lugares
inapropriados, não ficar com o troco dado errado, enfim, pequenas ações, mas
que ecoam de uma forma negativa. Permita-se ser corrupto e não poderá cobrar
retidão dos outros.
Sinto falta do senso de comunidade, de união. Estamos cada vez mais
fragmentados por essa sociedade doente, que só pensa no eu, no lucro acima de
tudo. Cadê o nós? Cadê a doação de cada um para transformar esta onda nefasta
em algo melhor? Já paramos para pensar que estamos o tempo todo atirando
pedras, mas nos esquecemos que podemos ser nós mesmos os maiores hipócritas?
É tempo de se indignar. É tempo de agir e mudar atitudes. É tempo de se
colocar no lugar do outro e fazer o melhor para mudar essa realidade que está
fazendo nossas perspectivas ruírem. Não merecemos um mundo desfragmento. É hora
de construir algo melhor, mesmo que em pequenos passos. Qual será nossa ação diária para isso?
Juliano Schiavo é jornalista, escritor, biólogo e mestre em Agricultura
e Ambiente
Americana - SP
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