Qual a solução?


Aquela palpitação no peito, a falta de ar, a pressão acima do estômago, as mãos geladas, a boca seca. Quem é ansioso reconhece esses sintomas, que além de nos deixar, muitas vezes, paralisados, se somatizam numa gastrite, numa alergia na pele, dor de barriga, enfim, numa infinidade sensações nascidas da “cabeça” e traduzidas no sentir da carne. E como dói a ansiedade, que pode evoluir para uma síndrome do pânico, a qual incapacita até mesmo de desenvolver atividades rotineiras.

Conversando com um amigo, ele me fez pensar sobre uma pergunta acerca de um problema que me afligia e me deixava ansioso. A questão era: o seu problema tem solução? E antes mesmo que eu respondesse, meu amigo já foi certeiro na resposta: “Se há solução, relaxe. Resolva conforme as possibilidades, no seu devido tempo, e se não for possível sozinho, busque ajuda. Agora, se não há solução, também relaxe, pois não há o que se fazer. O possível já foi feito”.

Sorri meio desconcertado com a solução e parei um tempo para refletir acerca do que ele havia dito. E a resposta estava ali, clara e traduzida. Só bastava o essencial: colocar em prática. Deixar de focar no problema e buscar a solução, pois enquanto pensava na questão em si, eu me paralisava e não fazia o necessário para resolver a questão. Mudei o foco e tudo se resolveu. A ansiedade se dissipou e, ao invés de me prender aquele estado mental que me sufocava, mudei a perspectiva. Não foi fácil, mas vi o resultado e me deixou satisfeito.

A forma como encaramos os “problemas” faz a completa diferença. Se nos prendemos a ele, como presos a uma corrente, afundamos juntos, mergulhando num mar de ansiedade. Mas se o encararmos como um papel, podemos seguir dois caminhos: ou escrevemos um roteiro para guiar-nos até a solução (quando há uma) e agimos. Ou simplesmente (quando não há solução) o amassamos e o descartamos, pois não há mais o que se fazer – e pensar sistematicamente nele só faria mal. A questão é: como nos posicionamos frente aos problemas? Nos prendemos a eles feito correntes ou o tratamos como um papel?

Juliano Schiavo
Jornalista, escritor e biólogo – Americana-SP
julianoschiavo.wix.com/livros


Comentários