Termina mais um domingo. Tal qual outros tantos por quais
passei. Sozinho, desacompanhado, em silêncio. No meio do caminho envolto pelas
árvores do Jardim Botânico daqui de Americana, com a noite seguindo seu rumo,
eu ali caminhava, rápido, com lufadas de ar. Após tantas voltas, que não as contei, inspirei
e comecei a correr. Corria por que queria sumir de mim mesmo. Pois gostaria que
todas as coisas que pensava fossem menos perturbadoras, menos complicadas, com
menos peças.
Sentia o vento ao encontro do meu rosto, o impacto da
corrida em meus joelhos, o suor a correr pelo corpo. O pulmão puxando cada vez
mais ar. Uma sensação de entrega a uma exaustão necessária – só para tentar me
esquecer de que eu existia. Confesso que canso de mim. Enjoo de quem sou. E não
há escapatória. Aprendi que existe certas diferenças. E que há uma imensa
diferença entre solidão e solitude.
No vórtice dos pensamentos, eis que fui engolfado por certas
perguntas intimidadoras. Fiz uma breve sondagem a um passado recente. E me
perguntei, a queima roupa, o que já tinha construído até aqui. Tal qual castelo
cartas, vi uma sucessão de incertezas, de esqueletos de sonhos, de imaginações,
que foram caindo tal qual folhas amareladas que se rendem ao outono.
E eu sorri. Sorri por ter a certeza de que, apesar de não
ter feito nada grandioso, nada que “mudasse” o mundo, tudo não passava mesmo de
uma miragem. Viver é ilusão. Uma eterna imaginação de que existe uma
continuidade, que se dissipa em incertezas.
Inspirei novamente. Fechei os olhos, parei de correr. Ainda
não aprendi a fugir de mim mesmo.
Com o tempo aprendi a conviver comigo mesma. Largos vazios. Escassas respostas. Inúmeras perguntas... Com o tempo acumulei mais descrenças. Sigo.
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