Barco de papel


Eu me sinto como uma caixa vazia. Uma casca, apenas isso. Não que tenha espaço para ser preenchido, pois o vazio por si só já ocupa tudo. É uma sensação – não sei se momentânea – de deslocamento de tudo. Estou presente e, ao mesmo tempo, ausente. Sinto-me reticente, mesmo que as palavras me acompanhem e camuflem o ar de risadas. Estou assim, feito uma caixa vazia, chutada por mim mesmo. Há quem se preocupe. Eu não. Deixei-me estar assim. Pareço forte, pareço feliz. Pareço fraco, pareço triste. Não sou nada disso. Sou apenas um invólucro, ultimamente. E não faço questão de ser preenchido. Porque, cada vez que tento, percebo que não há algo que se encaixe nesse marasmo de mim mesmo. Sou um barco de papel, navegando num mar sem ondas, a se perder no horizonte, sem fim.

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