Os Contos Proibidos do Sr. Arcano

Numa narrativa que se ramifica em 20 contos, o livro Os Contos Proibidos do Sr. Arcano (Editora Multifoco – 167 páginas) chegou-me em mãos por meio de um concurso diferente: a produção de um book-trailer, ou seja, um trailer do livro. Papel difícil, uma vez que são 20 contos, 20 diferentes versões de histórias sobre sangue, mistério e horror que tem que ser representados por um vídeo. Mas conquistei o primeiro lugar com o vídeo abaixo:



Como prêmio, ganhei um exemplar autografado por Arcano. Depois de lido, venho com a resenha:


O livro Os Contos Proibidos do Sr. Arcano (Editora Multifoco – 214 páginas) traz em suas páginas um retrato da alma de um autor aficionado por temas que envolvem o mundo obscuro. Sr. Arcano, pseudônimo literário de Alexandre Souza, oferece aos leitores 20 contos. Todos temperados com um misto de fantasia, suspense, criatividade e elementos sobrenaturais, chocando e confundindo o leitor em tramas curtas, mas interessantes. Às vezes, sombrias até demais, a ponto de envolver a leitura numa névoa de estranhamento.

Entre os elementos presentes nos contos, os animais notívagos, tais como corujas, gatos e morcegos se fazem presentes. No conto A Coruja, por exemplo, o leitor é levado por asas plumosas e obscuras, que o envolvem numa microtrama onde a realidade se confunde com sonhos. Já o conto O Morcego e a Lama empurram o leitor num ambiente cercado por imagens oriundas da cabeça do morcego, entregue à lama, ou seja, à morte. Neste conto, o mamífero voador se torna o narrador de sua saga, ou melhor, seu fim (?).

Na Beira do Precipício, por sua vez, traz a história de um abismo que encanta e leva a todos para um mundo de esquecimento. Num pulo, eis que tudo é ceifado. Dor, medo, agonia, alucinação: tudo é dragado pelo precipício. E este, por sua vez, se desdobra em outros três contos: Na Beira do Precipício II (O anjo), Na Beira do Precipício III (A boneca colorida) e Na Beira do Precipício IV (A história de Gnomo). Todos estes contos amarrados ao primeiro, mas com dinâmicas próprias – e loucuras também.

Nos textos, vez ou outra, surge uma crítica ao fanatismo religioso: que obscurece a visão e semeia uma semente de mal-estar social. Há críticas veladas a este tipo de fanatismo. Outras vezes, as críticas são densas, quase grifadas de tão fortes que se encontram – o que poderia ser editado.

Fora isso, os textos se fixam no fantástico, na criatividade e na escuridão pregada por Sr. Arcano: os elementos oriundos das trevas não devem ser esquecidos. Eles estão sempre presentes, mesmo que a luz de uma lâmpada ou o lampejo da lua eliminem o breu do horizonte. É um livro de fácil leitura, indicado a quem, principalmente, quer mergulhar em histórias de suspense, sangue e loucura. Uma loucura exorcizada nos Contos Proibidos do Sr. Arcano.

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