Neste mundo de caminhos que se perdem e se cruzam, nada mais natural do
que conhecermos pessoas que são passageiras. Surgem em nossas vidas feito
lufadas de ar e, tal qual o aparecimento, desaparecem. Seguem o fluxo delas, caminham
em lados opostos, se tornam meras lembranças.
E isso se evidencia neste mundo com novas conformações. Muitos, por
exemplo, têm uma vida pendular: estudam numa cidade, moram em outra, trabalham
numa terceira. Estão sempre em trânsito, conhecendo novas pessoas e cruzando
caminhos. São pessoas que surgem em nossas vidas (por acaso ou destino) e nos
mudam de alguma forma. Seja para vermos nossos maiores defeitos ou partilharmos
momentos. Mas cada um, a sua maneira, com seu jeito de ver o mundo, nos conecta
a novas experiências.
Porém, há pessoas que não querem entender que existem aquelas que
são passageiras. Que surgiram por algum motivo, mas que decidiram, pelas
circunstâncias, ou mera vontade, não ter mais contato. Existem pessoas que, por
uma obsessão doentia, com o auxílio das redes sociais, continuam a vampirizar aquele
que não quer mais partilhar momentos. Insistem na ideia de querer se aproximar,
quando não existe mais história a ser partilhada: a vida seguiu seu curso.
É preciso entender que a outra pessoa simplesmente não quer mais
contato. É um direito dela. Ela quer seguir com a vida. Não que tudo o que
tenha acontecido não a tenha marcado. A questão é que não faz mais parte do
presente dela. É preciso respeitar decisões. Pessoas não são posses. E por mais
queridas que elas nos sejam, não temos o direito de nos apropriar delas. Elas
têm o direito de se afastar. E cada um tem o dever de respeitar decisões
pessoais, mesmo que sejam doloridas. O melhor remédio? O tempo, a reflexão e o
respeito às decisões alheias.
Juliano Schiavo é jornalista, escritor e biólogo
Americana - SP
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