Só para não dizer que não falei de reencontros...

Foi num domingo. O telefone tocou, era meu pai. Atendi.
- Filho, um amigo seu está indo aí te visitar.
- Quem é?
- O Emídio.
No mesmo instante, a campainha tocou. Olhei pela sacada e lá estava ele. Sorri e disse para ele me esperar que eu estava descendo.
Abri o portão. Ele não acreditou quando me reviu. Seus olhos brilhavam, marejados de emoção. Tinha os cabelos bem brancos, meio ralos. O mesmo olhar de bondade que eu conheci quando tinha meus 8, 9, 10 anos de idade.
- Juliano, é você? Lembra de mim?
- Sim. É o Emídio! Lembro sim! Você levava seu filho jogar bola no campo!
- Ah, aposto que seu pai ligou e te disse.
- Sim, ele ligou. Mas eu lembro de você sim. Você levava seu filho, o Philipe, jogar bola no campo.
Ele me abraçou. Chorou. Disse que jamais me reconheceria na rua.
Minha tia saiu na sacada. Ele levantou os olhos marejados e, enquanto enxugava as lágrimas, falava com ela:
- Não acredito! Sou emotivo demais tia! Estou emocionado em rever meu amigo Juliano.
E me abraçou novamente. Convidei-o para entrar, mas disse-me estava só de passagem.

Naquele domingo eu me senti estranhamente feliz. Talvez por notar que sou querido, mesmo que tenha perdido o contato a tanto tempo. Sorri com o riso daqueles que se sentem gratos por esses pequenos momentos de emoção. A vida é um caminho, um longo caminho, que muitas vezes se perde, mas também se cruza.

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